Infidelidade Virtual (Parte 1)

Antes de mais quero dizer que não sou puritano, terapeuta, psicólogo, sexólogo, vidente, confessor, e tão pouco conselheiro. Considero este blog como um diário pessoal sobre assuntos que me interessa e tento exprimir de uma forma simples o meu ponto de vista.
Hoje, alguém das minhas relações me falou sobre a infidelidade virtual. Curiosa essa perspectiva que, confesso, nunca me tinha despertado interesse. Mas afinal o que é isso de infidelidade virtual?
Infidelidade significa, segundo o dicionário, a qualidade de quem é infiel, traição, deslealdade. Virtual segundo o mesmo livro significa algo susceptível de se exercer ou realizar, algo que existe como faculdade mas sem exercício ou efeito real. Mas será que podemos ser “infiéis” numa situação que não é real?
A primeira questão que se levanta diz respeito ao significado de “traição”. Para certas pessoas pensar em outra pessoa que não seja aquela com quem estamos no momento já é traição.
Para outras, pensar é apenas fantasiar, e para ser confirmada uma traição deve haver algo feito, uma acção, que pode ser um encontro, um beijo ou o acto sexual.
Nesse caso, como ficam os encontros virtuais? Trocar mensagens numa chat room ou no Messenger com um(a) desconhecido(a) é uma fantasia ou uma acção?
Todos nós sabemos que a fronteira entre o mundo real e virtual está cada vez mais ténue. A Internet está a mexer com as regras estabelecidas de relacionamentos onde um olhar sedutor pode ser substituído por um texto recheado de palavras sedutoras. Quem de nós nunca esteve numa “chat room” a falar com alguém que nos atraía de uma forma especial? Julgo que todos !
Com a chegada desta tecnologia aumentou a facilidade de se encontrar pessoas que dizem pensar igual, que demonstram ter as mesmas fantasias e desejos. Conhecer alguém interessante por e-mail ou por outras vias tem sido fascinante para muitas pessoas. E a cada dia se torna mais fácil pois a Internet é uma porta aberta para o mundo e permite contactos de todas as espécies sem que o indivíduo saia de casa.
A coberto por nick´s (apelidos), essas pessoas entregam-se a criar personagens que possam povoar o seu imaginário o que tem facilitado imenso o início de encontro entre pessoas tímidas.
No entanto o mundo da Internet é ilimitado, e isso pode descortinar todo um universo de possibilidades para aquelas pessoas com valores como fidelidade e exclusividade no relacionamento.
Nesse mundo virtual não há estado civil, nem idade definida. Tabus são quebrados e nem sempre as pessoas são o que dizem ser. Quantas vezes homens/mulheres se correspondem durante muito tempo com alguém que acreditam ser do sexo oposto e na verdade não são?
Por outro lado, o sexo virtual por exemplo, move pessoas que buscam algo prático, objectivo e sem compromisso. Verdadeiros personagens são criados para que actos antes impossíveis de existir no dia-a-dia se tornem realidade no mundo online. E são várias as possibilidades de se satisfazer virtualmente.
Porém quando a novidade se tornar necessidade, quando a espera se tornar vicio, quando a brincadeira com o fogo começar a queimar, precisará de entrar nesse cenário o adulto responsável, aquela parte de nós que faz escolhas conscientes e não se esconde atrás de actos irreflectidos.
Mas é importante lembrar que a fantasia humana não se limita a uma única pessoa, por mais que esta seja o grande amor de uma vida.
A busca pela Internet de alguém virtual, de uma nova paixão, ou mesmo de uma companhia que possa suprir de alguma maneira qualquer carência afectiva que possa estar a acontecer connosco não é somente coisa de miúdos, na realidade não tem limite de idade.
Espero os vossos comentários.